O que é o Planeta 9 e por que ele intriga os cientistas?

Você aprendeu na escola que o Sistema Solar tem oito planetas, certo? Mas e se houver um nono corpo celeste, ainda não observado diretamente, orbitando nas regiões mais distantes do nosso sistema?

A hipótese do chamado “Planeta 9” não é nova. Desde o século 19, astrônomos especulam sua existência com base em anomalias gravitacionais, especialmente após a descoberta de Netuno, em 1846. Características como órbitas incomuns de objetos do Sistema Solar externo, inclinações elevadas e distâncias perihélicas maiores do que o normal reforçaram essa ideia.

Essa busca levou à descoberta de Plutão. No entanto, anos depois, sua reclassificação como planeta anão reacendeu a busca por outro corpo celeste que justificasse tais anomalias.

O que diz o novo estudo liderado por um brasileiro?

Um estudo recente liderado pelo pesquisador Rafael Ribeiro de Sousa, da Faculdade de Engenharia e Ciências da Unesp (campus de Guaratinguetá), traz novos indícios da existência do Planeta 9. A pesquisa contou com colaboração de cientistas dos Estados Unidos e da França e foi publicada na revista científica Icarus.

Os pesquisadores realizaram uma simulação computacional do Sistema Solar, incluindo um hipotético nono planeta. O modelo considerou a evolução do sistema ao longo de 4,5 bilhões de anos, com foco na formação do Cinturão de Kuiper e da Nuvem de Oort — regiões conhecidas por abrigar milhares de cometas.

Principais descobertas do estudo sobre o Planeta 9

De acordo com os resultados:

  • A presença do Planeta 9 na simulação resultou na formação coerente tanto do Cinturão de Kuiper quanto da Nuvem de Oort;

  • A simulação também indicou a formação de uma segunda nuvem de objetos, na região expandida do cinturão;

  • As órbitas geradas na simulação coincidiram com as observações reais de cometas já identificados.

“Descobrimos que houve um match, uma coincidência. Nossas simulações foram consistentes com as observações das órbitas dos cometas”, explicou Rafael Sousa.

Planeta 9: por que ainda não o encontramos?

Concepção artística do suposto nono planeta do Sistema Solar. Créditos: Caltech/R. Hurt

A dificuldade em localizar o Planeta 9 está diretamente ligada à sua localização extrema e à forma como detectamos corpos celestes. Como explicou o pesquisador da Unesp:

“A dificuldade de encontrar objetos distantes no Sistema Solar se deve, basicamente, à distância. Eles precisam refletir a luz do Sol para que possam ser observados da Terra.”

A hipótese mais moderna e amplamente discutida sobre o Planeta 9 surgiu em 2016, liderada pelo astrônomo Michael Brown. Segundo ela, Netuno não teria força gravitacional suficiente para alinhar sozinho os seis objetos transnetunianos mais distantes já detectados — o que sugere a presença de outro corpo massivo influenciando suas órbitas.

O que vem a seguir?

O próximo passo da equipe da Unesp é aprimorar os modelos para incluir cometas de longo período e aprofundar a investigação da relação entre eles, a Nuvem de Oort e o possível Planeta 9.

A ciência ainda não confirmou a existência do Planeta 9, mas estudos como esse reforçam a possibilidade e direcionam as buscas futuras. O mistério do nono planeta pode estar mais perto de ser resolvido.