Selic sobe para 14,25% e Haddad explica decisão do Banco Central
Selic sobe para 14,25% e Haddad explica decisão do Banco Central

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, minimizou nesta quinta-feira (20) a discordância sobre o novo aumento da taxa básica de juros do Brasil. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou a decisão na quarta-feira (19), elevando a Selic para 14,25% ao ano.

A alta dos juros iguala o patamar registrado no auge da crise econômica do governo Dilma Rousseff em 2016. O objetivo principal é conter a inflação e reduzir o ritmo da economia. No entanto, essa medida também encarece o crédito, dificultando o acesso a empréstimos e financiamentos.

Desde que assumiu a presidência, Luiz Inácio Lula da Silva pressiona por uma redução da Selic para estimular o crescimento econômico. Em 2024, o BC passou a ser liderado por Gabriel Galípolo, nome indicado pelo governo. Essa mudança gerou expectativas sobre possíveis alterações na política monetária.

Haddad fala sobre decisão do BC

Para Haddad, o aumento já estava previsto desde a última reunião do Copom em 2023. Na época, Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, comandava o Banco Central.

“Esse aumento foi definido na última reunião do Copom do ano passado. O antigo presidente do BC, nomeado por Bolsonaro, determinou três aumentos expressivos na Selic”, afirmou o ministro.

Haddad destacou que uma mudança brusca na política monetária poderia gerar instabilidade econômica.

“O presidente do BC não pode mudar tudo repentinamente. Essa transição é delicada. O novo presidente e os diretores precisam administrar o legado que receberam, assim como eu precisei lidar com a herança de Paulo Guedes”, completou.

Compromissos fiscais e metas econômicas

O ministro enfatizou que tanto o Executivo quanto o Banco Central enfrentam desafios para manter a estabilidade econômica. Para ele, é essencial cumprir as metas fiscais e de inflação.

“Os técnicos do BC têm qualificação e buscam o melhor para o país. O Executivo também tem obrigações, como seguir o marco fiscal. Neste ano, cumpriremos nossos compromissos. O BC também deve cumprir sua meta de inflação, assim como eu devo atingir a meta fiscal.”

Falas de Haddad ecoam discurso de Lula

As declarações de Haddad seguem a mesma linha das falas de Lula. Em janeiro, o presidente comentou sobre a impossibilidade de mudanças rápidas na política monetária. Na primeira reunião do Copom sob o comando de Gabriel Galípolo, os juros também subiram um ponto percentual.

“O presidente do Banco Central não pode mudar tudo drasticamente em um cenário econômico instável. A necessidade de subir os juros já estava definida pelo antigo presidente [Roberto Campos Neto]. O Galípolo tomou a decisão que considerou mais adequada”, afirmou Lula.

O Banco Central adota uma postura conservadora na política de juros para controlar a inflação. Esse posicionamento reflete a preocupação com o aquecimento econômico. O debate sobre a Selic segue como um dos principais pontos de tensão entre o governo e a autoridade monetária, influenciando o mercado e as expectativas dos investidores.