A base de comparação, porém, é alta, pois o subitem vem de uma sequência de quatro meses de alta intensa. As passagens fecharam o ano de 2023 com alta de 47,24%. Com a queda de janeiro, o acumulado em 12 meses agora é de 25,48%.
Serviços e monitorados desaceleram
A inflação de serviços, uma das métricas observadas pelo Banco Central do Brasil para a condução da taxa básica de juros, voltou a desacelerar com o apoio da redução dos preços das passagens aéreas.
Em 2023, o indicador havia fechado com alta de 6,22%. Neste mês, fechou a janela de 12 meses com alta de 5,62%, menor resultado desde outubro.
“A redução da taxa de desocupação e o aumento da massa salarial são fatores que podem contribuir para o consumo das famílias, mas ainda é preciso aguardar os dados para entender os efeitos no setor de serviços”, afirma André Almeida, gerente de pesquisa do IPCA no IBGE.
“Por ora, o índice de serviços tem sido bastante influenciado pelas passagens aéreas e questões sazonas. Neste mês, vemos a alta dos preços de hospegadem [por conta das férias escolares]”, prossegue.
Já os monitorados, itens cujos preços são definidos pelo setor público ou por contratos, também tiveram leve desaceleração na esteira da redução de preços de combustíveis e da tarifa de energia elétrica residencial.
Em 2013, o grupo fechou em alta acumulada de 9,12%. Em janeiro, desacelerou para 8,56% em 12 meses.
Resultado acima das expectativas
O mercado financeiro se surpreendeu com um resultado forte dos serviços subjacentes (0,76%), uma das principais métricas observadas pelo BC para a continuidade do ciclo de quedas da Selic. A taxa básica de juros passou por cinco quedas seguidas, mas o Comitê de Política Monetária (Copom) deixou clara a preocupação com a continuidade do processo de desinflação.
Para Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital, os resultados ainda não revertem a tendência de queda da Selic, mas ligam alertas sobre a trajetória dos preços. Ainda que tenha ficado claro que itens voláteis influenciaram o resultado do núcleo, é preciso observar como será o trajeto dos próximos meses.
“Já esperávamos um número feio para esse fechamento, mas veio muito pior. É um sinal desconfortável, mas mantemos visão de que deve haver alguma descompressão nos próximos meses. Ainda tem um componente dos reajustes anuais nesse dado”, diz a especialista.
Já Laiz Carvalho, economista para Brasil do BNP Paribas, indica que o banco esperava Alimentação no domicílio ainda mais alto, produtos de higiene mais baixos e Transportes mais baixos, o que causou diferenças da expectativa para o resultado final.
Mas a preocupação também ficou com serviços subjacentes, algo que vinha se desenhando desde os resultados do IPCA-15 do mês.
“Ainda é cedo para falar de reversão da desaceleração de serviços. Mas, daqui para a frente, além do índice cheio em si, esse é o aspecto que todos vão acompanhar para entender o impacto da atividade econômica na inflação, em especial do mercado de trabalho”, diz a economista.
INPC tem alta de 0,57% em janeiro
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) — que é usado como referência para reajustes do salário mínimo, pois calcula a inflação para famílias com renda mais baixa — teve alta de 0,57% em janeiro. Em dezembro, houve alta de 0,55%.
Como os alimentos têm peso maior no INPC — e as passagens aéreas, menor — o resultado do mês veio maior que o IPCA.
Assim, o INPC teve leve aceleração no acumulado em 12 meses, com alta de 3,82%. No mês anterior, o índice havia acumulado 3,71%.
“Os produtos alimentícios passaram de 1,20% de variação em dezembro para 1,51% em janeiro. A variação dos não alimentícios foi menor: 0,27% em janeiro frente à alta de 0,35% no mês anterior”, destaca o IBGE.