Aquela não foi a única expedição geológica do futuro explorador lunar canadense na Terra. Mesmo depois de ter-se formado astronauta, ele continuou participando de pesquisas nesse sentido – algo extremamente valorizado pelas agências espaciais, como a NASA, que o escolheu como membro do Programa Artemis.
“A razão pela qual vou nessas expedições de geologia é porque, como astronauta, estamos nos preparando para fazer exploração em outros corpos planetários e, é claro, a geologia será uma grande parte da ciência que fazemos lá”, disse Hansen em 2015 ao site MyKawartha.com.
Detalhes sobre a cratera descoberta pelo astronauta da missão Artemis 2
Esse é o primeiro estudo detalhado sobre o Lago Gow, uma cratera que se formou há cerca de 200 milhões de anos. Os geólogos coletaram algumas “rochas estranhas” que não refletiam o terreno local e confirmaram em laboratório que elas foram moldadas por um impacto de derretimento de pedras.
Osinski, geólogo que investiga inúmeras crateras no Canadá há décadas, partiu na jornada ao lado de Hansen e dois estudantes “para o desconhecido”, segundo ele. “Embarcamos em um hidroavião e usamos uma canoa também, o que foi uma maneira divertida de fazer uma expedição de geologia. Desembarcamos na ilha [que fica no centro do lago], montamos acampamento e depois saímos para explorar”, relatou o pesquisador ao site Space.com.
“Montamos o mapa de geologia da ilha e encontramos muitos tipos de rochas realmente interessantes que eu não estava esperando, dada a idade deste local”, disse ele.
Um exemplo foram as rochas derretidas por impacto, como as juntas colunares, que formam rachaduras hexagonais à medida que a lava de basalto esfria. Elas são encontradas em locais como o famoso Giant’s Causeway, na Irlanda, e são “extremamente raras” ao redor do planeta.
Segundo Osinski, o Lago Gow poderia fornecer uma boa analogia para crateras perto do polo sul da Lua, onde a NASA pretende pousar a missão Artemis 3 em 2025 e construir uma base permanente ao longo dos anos seguintes.

O mais interessante do achado foi detectar o tipo da cratera. Isso porque as imagens de satélite enganaram os geólogos por 50 anos. No início, achava-se que o Lago Gow tinha se formado como uma cratera complexa, um tipo também visto na Lua, resultante de impactos maiores, quando o pico central no meio colapsa.
“Mas acontece que a ilha é feita dessas rochas derretidas e brechas de impacto, não realmente material emergido da profundidade”, disse Osinski.
O que eles viram, portanto, foi uma cratera de transição, que só foi encontrada em um único outro ponto da Terra: o Goat Paddock, no noroeste da Austrália. “Pode ter havido mais dessas crateras na Terra que foram mascaradas ou apagadas pela erosão”, disse Osinski.
Já na Lua, no entanto, as crateras de transição são comuns e, segundo Osinski, podem fornecer informações valiosas sobre como as rochas espaciais afetam o ambiente local após a queda de um meteorito.