‘The Crown’: 7 destaques da nova temporada de série da Netflix sobre família real britânica

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A quinta temporada de The Crown, da Netflix, já criou seu próprio drama antes de seu lançamento na quarta-feira (9/11), causando controvérsia sobre sua representação da família real.

A Netflix defendeu seu programa como uma “dramatização ficcional”, depois que o ex-primeiro-ministro John Major e a atriz Judi Dench questionaram sua precisão.

A empresa também adicionou um aviso ao seu marketing para o programa, dizendo que é “inspirado em eventos da vida real”.

Passei minha noite de sexta-feira (4/11) assistindo a todos os 10 novos episódios, para descobrir exatamente como é essa nova série – e aqui estão minhas conclusões.

1. É difícil distinguir fato de ficção

Jonathan Pryce como Phillip e Natascha McElhone como Penny Knatchbull

Conforme a série se aproxima dos dias atuais, mais a verdade e a confusão entre fato e ficção importam.

Esta temporada se passa nos anos 1990 e a rainha – interpretada magnificamente pela primeira vez por Imelda Staunton – está em seus 60 e poucos anos. Os casamentos de seus filhos estão em crise e, controversamente, a série sugere um caso entre o príncipe Phillip e Lady Rumsey, 32 anos mais nova.

O duque de Edimburgo, interpretado por Jonathan Pryce, nega, mas em uma cena de teste, ele conta à rainha seu “desencantamento” com o casamento. Mas The Crown é tão plausível e tão humano que sempre foi impossível para um espectador geral distinguir o drama da realidade.

Na ausência de fatos relacionados à realeza que provavelmente nunca saberemos, essa ficção preenche o vazio e, para muitos, torna-se a verdade.

Tão logo após a morte da rainha, e com tantos personagens ainda vivos, isso parece mais difícil de justificar editorialmente.

2. O retrato de John Major é uma revelação

Jonny Lee Miller como John Major em The Crown

O ex-primeiro-ministro criticou a série por sugerir que o príncipe Charles queria forçar a rainha a abdicar, chamando isso de “absurdo malicioso”.

Mas em The Crown, o político, – que já foi ridicularizado pelo programa satírico Spitting Image por ser chato e enfadonho (e comer ervilhas), é tudo menos isso.

Brilhantemente trazido para a tela por Jonny Lee Miller, ele é altamente considerado pela rainha – uma voz sábia do povo e um intermediário diplomático na confusa disputa de divórcio entre Charles e Diana.

(E não há ervilhas à vista quando sua esposa, Norma, interpretada por Flora Montgomery, serve seu jantar no nono episódio).

É uma revelação.

3. Elizabeth Debicki rouba a cena

Elizabeth Debicki como Diana

A voz (hesitante, ofegante, e com a elegância apropriada), a cabeça baixa enquanto ela olha para cima através dos cílios, o corte de cabelo, as expressões e, claro, as roupas: é tudo tão Diana (interpretada por Elizabeth Debicki).

Enquanto Dominic West faz o seu melhor para habitar o personagem do (então) príncipe Charles, ele é muito suave e obviamente bonito demais para ser inteiramente crível.

Debick é perfeita.

4. A BBC está sob escrutínio

Imelda Staunton

A BBC é um personagem da quinta temporada e não é confortável de assistir.

A lealdade da rainha à BBC é justaposta com a grande e prejudicial história da entrevista que a princesa Diana deu ao programa Panorama e as controvérsias em torno de como ela foi obtida.

A BBC disse que nunca mais transmitirá a entrevista, mas The Crown recria as cenas.

Qualquer drama sobre a família real daquela época provavelmente faria o mesmo, mas é difícil não imaginar a dor que causará aos envolvidos e é o combustível para aqueles que dizem que The Crown deveria ter parado muito antes de chegar a um momento tão recente e tão difícil.

O advento da televisão por satélite e o que isso significa para a BBC também é um fio condutor desta série.

A rainha resiste a mudar a TV até o príncipe William dizer a ela que, se ela receber uma antena parabólica, poderá assistir a um canal de corrida sempre que quiser.

5. Dinheiro não foi problema

Retrato de atores interpretando família real

Acredita-se que The Crown custe cerca de 10 milhões de libras (R$ 57 milhões) por episódio (embora isso sempre tenha sido negado por seu criador e escritor Peter Morgan).

Nesta série, parece novamente que dinheiro não foi problema.

Vemos suntuosos substitutos para casas e palácios reais, uma recriação da cerimônia de entrega de Hong Kong e vemos Sua Majestade no Guildhall de Londres fazendo seu famoso discurso “annus horribilis”.

O Royal Yacht Britannia torna-se uma metáfora através da série para uma sensação de que a própria rainha está se tornando fora de alcance, obsoleta e irrelevante.

Posso ver por que os escritores pularam nessa narrativa – o iate foi desativado em 1997, no primeiro ano do governo de Tony Blair. Mas os paralelos parecem exagerados, particularmente à luz do reinado subsequentemente longo e elogiado da verdadeira rainha.

6. Mostra a Grã-Bretanha presa no passado?

Imelda Staunton como a rainha na quinta temporada

The Crown afeta a forma como a Grã-Bretanha é vista internacionalmente, mas provavelmente apenas confirma o que as pessoas já pensam.

A Grã-Bretanha do programa está inundada de esplendor real. Vemos bons restaurantes e as salas de aula de Eton (colégio de elite); os ingleses são descritos como amantes do jogo de tiro e das boas maneiras.

Para alguns, esses retratos significam que seremos vistos como um país preso ao passado, para outros como um país informado por uma rica história.

Algumas das tensões na quinta temporada dizem respeito se foi a rainha ou o príncipe Charles que teve uma noção melhor do que a Grã-Bretanha moderna representava.

Na vida real, a pompa do funeral de Sua Majestade mostrou o país ao mundo. À sua maneira, The Crown poderia ser aplaudido por também manter a Grã-Bretanha no cenário mundial.

7. Reflete nossas próprias complexidades

Dominic West

Os humanos são complexos e os personagens de The Crown não são exceção.

Grande parte da controvérsia em torno desta série tem sido sobre se o príncipe, agora rei, Charles é retratado injustamente em seu relacionamento com a princesa Diana, e como ele tenta encontrar um papel para si mesmo como príncipe de Gales.

Depois de cinco temporadas de The Crown, minha sensação é que a habilidade do escritor Peter Morgan é que ele nos mostra a complexidade do que significa ser humano.

Ele se apaixona por seus personagens e não pode deixar de infundir neles uma verdadeira profundidade de emoção.

Apenas o antimonarquista mais fervoroso deixaria de responder dessa forma.