As melhores imagens do espaço em 2020

O ano de 2020 foi marcado por imagens cósmicas impressionantes — da fotografia de aniversário de 30 anos do telescópio Hubble ao registro de uma coleta ousada de amostras de asteroide.

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O telescópio Hubble, uma das ferramentas científicas mais importantes já construídas, completou 30 anos em abril.

Para celebrar a data, foi divulgada uma imagem incrível mostrando uma região de formação de estrelas próxima à nossa galáxia, a Via Láctea.

Neste magnífico retrato feito pelo Hubble, a nebulosa vermelha gigante (NGC 2014) e sua vizinha azul menor (NGC 2020) residem na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia satélite da Via Láctea localizada a 163 mil anos-luz de distância.

As nebulosas são vastas nuvens interestelares de poeira e gás onde pode ocorrer a formação de estrelas.

No coração da NGC 2014, está um punhado de estrelas brilhantes, cada uma com uma massa de 10 a 20 vezes maior do que o Sol.

A imagem foi chamada de “Recife Cósmico”, uma vez que os astrônomos acharam as nebulosas parecidas com o mundo submarino.

A série documental Horizon da BBC, transmitida na ocasião do aniversário do telescópio, exibiu visualizações em 3D impressionantes de imagens icônicas do Hubble — como os Pilares da Criação, parte da Nebulosa da Águia.

Coleta de amostras em asteroide

Em 2020, a missão Osiris-Rex da Nasa realizou uma manobra ousada, chamada “Touch-and-Go” — em que a nave rapidamente aterrissa e decola com poucos segundos de intervalo —, no asteroide Bennu, a fim de coletar amostras de rocha e solo para levar à Terra.

Asteroides como o Bennu são relíquias primitivas do início do Sistema Solar. São blocos de construção dos planetas que vagam livremente e oferecem uma janela sobre como mundos como a Terra surgiram.

Para coletar as amostras, a Osiris-Rex usou um longo braço mecânico com uma câmara de coleta em forma de anel na extremidade. A espaçonave desceu em direção à superfície de Bennu, liberando um jato de nitrogênio quando o braço mecânico fez contato com o asteroide.

Isso foi feito para que o gás agitasse a superfície de Bennu, permitindo que fragmentos do asteroide flutuassem na câmara de coleta.

A estratégia parece ter funcionado, como mostra a sequência de imagens acima.

Enquanto isso, em 5 de dezembro, uma missão japonesa para coletar amostras de um asteroide diferente voltou à Terra com seu precioso tesouro. A espaçonave Hayabusa-2 lançou sua cápsula de retorno de amostras, que pousou com segurança de paraquedas no deserto australiano.

As amostras serão analisadas pela agência espacial japonesa (Jaxa) na cidade de Sagamihara, no Japão.

Perto do Sol

O mês de janeiro foi marcado pela divulgação de fotos tiradas pelo Telescópio Solar Daniel K Inouye (DKIST, na sigla em inglês) no Havaí, que mostraram a superfície do Sol com detalhes sem precedentes.

As imagens revelaram estruturas semelhantes a células que têm aproximadamente o tamanho do Estado americano do Texas. São a convecção (processo de transmissão de calor) de massas de gás quente ou plasma.

As áreas claras indicam onde esse material está em ascensão; as faixas escuras intermediárias são onde o plasma frio está afundando.

O DKIST é um novo observatório posicionado em Haleakalā, um vulcão de 3 mil metros de altura na ilha havaiana de Maui.

Os cientistas querem usá-lo para entender a dinâmica do comportamento do Sol, na esperança de conseguirem prever melhor suas explosões de energia.

Essas erupções colossais de partículas carregadas podem danificar os satélites que orbitam a Terra, prejudicar astronautas e interromper até mesmo as redes elétricas.

Sobrevoo de Júpiter

Lançada em 2011, a espaçonave Juno da Nasa continua a enviar imagens impressionantes do maior planeta do Sistema Solar — Júpiter.

A sonda capturou imagens de ondas de nuvens rodopiantes do planeta gigante gasoso enquanto realizava seu 27º sobrevoo em 2 de junho.

O cientista Kevin M Gill transformou então os dados em um vídeo, que combina 41 imagens estáticas tiradas durante a passagem de Juno.

As fotos foram projetadas digitalmente em uma esfera, com uma “câmera” virtual fornecendo visualizações de Júpiter de diferentes ângulos.

Entre outras coisas, a filmagem oferece uma perspectiva incrível da característica mais notável de Júpiter, a Grande Mancha Vermelha — que, na verdade, é uma tempestade gigantesca em curso.

Teste da Starship

Starship

Um pouco parecida com um foguete da era de ouro da ficção científica, a nave Starship de Elon Musk vai — no devido tempo, ele espera — transportar humanos para o Planeta Vermelho.

Em dezembro, a SpaceX testou o primeiro protótipo completo do veículo, enviando-o em um voo de 12,5 km direto de sua plataforma nas instalações da empresa em Boca Chica, no sul do Texas, nos EUA.

Starship

Estamos trapaceando de leve com a inclusão desta foto aqui, já que as imagens não são do espaço propriamente dito. Mas podemos ver essa nave lá um dia, em um futuro não muito distante.

O voo de teste apresentou algumas das características únicas da espaçonave, incluindo seu motor Raptor à queima de metano, e uma trajetória de voo que inclui uma descida de barriga seguida por uma manobra para voltar à posição vertical antes de pousar na Terra.

Acidente no pouso

Foi nessa fase do teste que o protótipo da Starship, chamado SN8, se aproximou da plataforma um pouco rápido e forte demais, causando o que Musk descreve como um RUD — sigla em inglês para desmonte rápido não programado. Em outras palavras, um acidente.

Mas o voo terá dado à SpaceX uma quantidade enorme de dados de engenharia para digerir, ajudando-os a aperfeiçoar o veículo. E o próximo protótipo — SN9 — aguarda sua vez na plataforma de lançamento.