Quadrilha criou ‘empresa’ dentro de Viracopos para operar tráfico internacional, diz delegado da PF

Investigação começou em fevereiro após a apreensão de 58 kg de cocaína. Dois suspeitos morreram em confronto com a polícia nesta terça-feira (6). Grupo aliciava funcionários terceirizados do aeroporto.

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A quadrilha presa nesta terça-feira (6) durante a operação da Polícia Federal (PF) batizada de Overload criou uma “empresa paralela” para operar o tráfico internacional dentro do Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP).

Ao todo, 35 mandados de prisão e 44 de busca e apreensão foram cumpridos. Dois homens morreram durante a abordagem. O terminal é o maior do país no volume de entrada e saída de cargas por via aérea.

De acordo com o delegado chefe da PF em Campinas, Edson Geraldo de Souza, o grupo não era responsável só pelo envio de drogas para o exterior, mas também prestava serviços para qualquer pessoa que quisesse enviar entorpecentes ou algo ilícito para outro país.

“Eles montaram uma empresa paralela de logística para oferecer serviços de envio de droga para fora do país a quem tivesse interesse. Eles estavam abertos para fazer negócios com qualquer um”, disse o delegado.

Como o grupo agia

De acordo com a investigação, a organização criminosa era composta por brasileiros que ficavam responsáveis pelo fornecimento de cocaína que seria exportada para a Europa. Além disso, o grupo aliciava funcionários terceirizados do aeroporto para que interferissem a favor da quadrilha nas atividades de logística do terminal.

A investigação também informou que a quadrilha utilizava pelos menos três meios para colocar a droga dentro dos aviões: em caminhões que levavam cobertores das aeronaves, em alimentos ou em tratores que circulavam dentro do pátio do terminal.

“A colocação da droga era sempre por meio de carga ou bagagem. Cada pessoa que atuava no carregamento recebia R$ 50 mil. Ou seja, cada movimentação ilícita de envio de droga custava em torno de R$ 300 mil”, disse outro delegado da PF, Marcelo Ivo de Carvalho.

Os mandados foram cumpridos em quatro estados: São Paulo, Mato Grosso, Amazonas e Rio Grande do Norte. Entre as pessoas presas, estão um policial militar e um policial civil.

Dois suspeitos foram mortos

Duas pessoas morreram em confronto com a PF na manhã desta terça-feira (6) durante a operação.

Segundo a investigação, um dos homens que morreram já era indiciado por roubo e homicídio, enquanto o outro não tinha nenhuma passagem. A PF informou que abriu inquérito para apurar as circunstâncias das mortes, ambas em Campinas, mas não deu detalhes sobre como elas aconteceram.

Os óbitos ocorreram nos bairros Campo Belo e Cidade Singer, periferia da cidade. A polícia não informou se houve recolhimento das armas dos suspeitos.

Polícia Federal fez apreensões em aviões no Aeroporto de Viracopos — Foto: Divulgação/Polícia Federal

Polícia Federal fez apreensões em aviões no Aeroporto de Viracopos — Foto: Divulgação/Polícia Federal