Produtores de Café Robusta Amazônico comemoram êxito de projeto piloto de exportação

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Rondônia tem motivos para comemorar o Dia Internacional do Café, que marca a agricultura cafeeira todo dia 1º de outubro. Isso devido ao  projeto piloto de exportação do Café Robusta Amazônico pelo Porto Público de Porto Velho que recentemente enviou a primeira remessa do produto genuinamente rondoniense com destino à Coreia do Sul.

Segundo o produtor e presidente da Cooperativa de Agricultores Familiares da Amazônia (Lacoop), Leandro Dias Martins, quando o produto é entregue deve passar por uma análise sensorial. “O cliente que recebe o produto faz uma análise que contempla uma lista de 10 atributos como: aroma, acidez, amargor, adstringência, salinidade e outros para confirmar o atendimento das exigências do mercado. “Estamos ganhando mercado e nossa expectativa é conquistar novos clientes e até o final deste ano de 2020 enviarmos uma nova remessa do produto”, detalhou Leandro.

A carga, com aproximadamente 40 toneladas e operacionalizada pelo Grupo BDX, foi embalada de forma especial e resistente dentro da sacaria de juta, a fim de conservar o café e evitar oxidação em função da variação de temperatura e umidade.

Para o diretor administrativo, Rafael Martins, a entrega do produto dentro do prazo previsto no ato da contratação reforça a responsabilidade do operador portuário. “O primeiro lote, que foi entregue em setembro, nos coloca em condições de competir com outros mercados. O produto por si só já tem muita qualidade e viabiliza a conquista do mercado internacional, bem como incentiva a produção local e proporciona o crescimento do setor”, destacou Rafael.

O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa-RO), Enrique Alves, explicou que a exportação do café representa uma nova janela de oportunidades para a cafeicultura do Estado de Rondônia, que é inclusive uma das mais importantes do país. “Somos um ponto de referência da cafeicultura na Amazônia, formada por agricultores familiares de pequena escala, onde são utilizadas pequenas áreas quando comparada com outras culturas como a soja que precisa de grandes áreas.

Os agricultores produzem cafés tidos como premium e especiais, agregando valor final ao produto. A tecnologia da lavoura evoluiu nos últimos 10 anos com emprego de qualidade nas etapas de produção e pós-colheita, com contínua busca pelo uso eficiente de insumos, sustentabilidade e redução do custo de produção. Assim, resulta em um produto mais puro e livre de resíduos.  Esta valorização do produto final propiciou ao produtor o acesso aos mercados mais exigentes e competitivos como a Europa e Ásia”, finalizou.

Para o produtor de Cacoal e presidente da Associação dos Cafeicultores da Região das Matas de Rondônia (Caferon), Juan Travain, é momento de reunir esforços e conquistar outros mercados. “Enviamos amostras do produto para Itália, Estados Unidos da América e Holanda. Tivemos excelente aceitação e estamos em negociação para escoar o produto. Ainda não temos como definir a quantidade, pois dependerá dessa transação comercial. Divulgamos nosso produto e atingimos o objetivo. Agora precisamos estabelecer a comercialização”, afirmou Juan.

SOBRE O PRODUTO

O Brasil é o maior produtor, exportador e segundo maior mercado consumidor de café. Possui uma cafeicultura plural e diversificada, com muitos aromas e sabores originados em lavouras das espécies arábica e canéfora (Conilon e Robusta), cultivadas de norte a sul do país.

Rondônia é responsável por 97% de todo o café produzido na Amazônia, é o 5º maior produtor de café do país e o 2° da espécie canéfora, o café produzido em Rondônia é denominado Robusta Amazônico.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o café é produzido por cerca de 17 mil produtores familiares. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam que em 2020 foram mais de 63,6 mil hectares destinados à cafeicultura em Rondônia, representando aumento de 1,3% em relação à área em produção utilizada em 2019. A produtividade média foi de 38,29 sacas/hectare, com uma produção de 2.434,1 mil sacas de café canéfora beneficiadas, sendo 10,7% superior ao volume colhido em 2019.