Respondendo a pergunta do G1 sobre as mensagens enviadas pelo governo brasileiro à população durante a pandemia do novo coronavírus, o diretor de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Mike Ryan, disse que “é importante que as pessoas busquem várias fontes de informação”.
O presidente Jair Bolsonaro foi visto sem máscara em público em diversas ocasiões nos últimos meses, inclusive durante a cerimônia pelo Dia da Independência, nesta segunda, em Brasília.
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O presidente Jair Bolsonaro interage com admiradores durante cerimônia no Palácio da Alvorada, em Brasília, neste feriado de 7 de setembro — Foto: Alan Santos/PR
“Os governadores estaduais e as autoridades estaduais de saúde pública têm estado muito envolvidos em oferecer aconselhamento e apoio às comunidades. Aí você tem o governo nacional, a Opas [Organização Pan-Americana de Saúde, braço regional da OMS nas Américas] e nós mesmos [a OMS]”, declarou Ryan.
“Mas, se as comunidades perceberem que estão obtendo informações que estão sendo politicamente manipuladas, ou que estão sendo gerenciadas de uma forma que distorce as evidências, então, infelizmente, isso volta ao governo politicamente em um estágio posterior”, completou Ryan.
A OMS já havia se manifestado sobre alguns posicionamentos do governo brasileiro. Na sexta (4), a entidade lembrou que “vacinas salvam vidas” ao ser questionada sobre uma publicação da Secretaria de Comunicação da Presidência que dizia não poder “obrigar ninguém” a tomar vacina.
Em maio, a organização frisou a necessidade de uma mensagem “coerente” no combate à pandemia entre os governos estaduais e federal. A declaração foi dada também por Michael Ryan, depois que a OMS foi questionada sobre a reabertura de alguns locais de comércio no país, como academias e salões de beleza.
“As comunidades precisam ouvir mensagens coerentes e consistentes de lideranças, essa mensagem precisa ser clara e governos precisam seguir o que falam”, afirmou Ryan.
Outras pandemias
Na mesma entrevista coletiva desta segunda, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que a pandemia de Covid-19 “não será a última” a ser enfrentada pela humanidade.
“Esta não será a última pandemia. A história nos ensina que surtos e pandemias são um fato da vida. Mas, quando a próxima pandemia vier, o mundo deve estar pronto – mais do que estava desta vez”, alertou Tedros.
Ele também chamou atenção para o fato de que os países precisarão preparar melhor seus sistemas de saúde.
“Nos últimos anos, muitos países fizeram enormes avanços na medicina, mas muitos negligenciaram seus sistemas básicos de saúde pública, que são a base para responder aos surtos de doenças infecciosas”, afirmou Tedros.
“Parte do compromisso de cada país para se reconstruir melhor deve ser, portanto, investir na saúde pública, como um investimento em um futuro mais saudável e seguro”, disse o diretor-geral.