EUA suspeita que pesquisadora chinesa acusada de fraude está refugiada em consulado

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As autoridades dos Estados Unidos suspeitam que uma cidadã chinesa acusada de esconder seus vínculos com o Exército de seu país para obter um visto esteja refugiado no consulado chinês em São Francisco para evitar ser preso, segundo documentos judiciais.

O caso, que Pequim chamou de “perseguição política” nesta quinta-feira, está em um contexto de crescente tensão entre as duas potências e somou uma nova frente diplomática nesta semana, depois que Washington ordenou o fechamento do consulado chinês em Houston.

A missão no Texas foi apontada como o “coração” de uma rede de espionagem, e o presidente Donald Trump disse na quarta-feira que não descarta fechar outras unidades diplomáticas chinesas em solo americano.

De acordo com documentos judiciais, Juan Tang, pesquisadora chinesa de câncer que participava de um intercâmbio acadêmico na Universidade Californie Davis, foi acusada em 26 de junho de “fraude” em seu pedido de visto. As autoridades emitiram uma ordem para sua prisão.

Para obter seu visto, Tang disse que nunca teve nenhum vínculo com as Forças Armadas chinesas, mas os investigadores norte-americanos descobriram fotos dela usando uniforme militar e que ela trabalhava em um hospital militar.

O documento judicial sobre o caso de outra investigadora chinesa, Song Chen, também acusada de fraude para obter o visto, diz que a polícia federal (FBI) interrogou Tang em 20 de junho e revistou sua casa. Depois disso, a mulher teria se refugiado no consulado chinês em San Francisco.

O arquivo menciona o caso de Tang para justificar a recusa da promotoria em conceder a Chen, que está detida, liberdade sob fiança, considerando que ele apresenta um risco de fuga do país.

Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, disse nesta quinta-feira de manhã que não tinha informações sobre a situação de Tang.

Wenbin afirmou, contudo, que o governo dos Estados Unidos “monitorou, assediou e prendeu arbitrariamente estudantes e acadêmicos chineses” no país, sob a presunção de culpa, que classificou de “pura perseguição política”.

“A China tomará as medidas necessárias para salvaguardar a segurança e os direitos legítimos dos cidadãos chineses”, acrescentou.

Washington acusa Pequim de prejudicar sua economia roubando propriedade intelectual, sinais que se tornaram mais intensos com a chegada de Trump à Casa Branca, que usou esse argumento para justificar uma guerra tarifária com o gigante asiático.

Nesta semana, o Departamento de Justiça acusou dois hackers chineses de violarem os sistemas de computadores de centenas de empresas ocidentais e de tentar roubar dados sigilosos de pesquisas ligadas ao desenvolvimento de uma vacina de COVID-19.