Compost Barn: Pecuaristas melhoram produtividade em RO oferecendo conforto e bem estar aos animais

Barracão ajuda a dar conforto térmico às vacas além de transformar urina e fezes em adubo. Produtores relatam melhoria na quantidade e qualidade do leite com o uso da técnica.

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Um pecuarista de Porto Velho começou a aplicar o “Compost Barn”, uma técnica desenvolvida nos Estados Unidos que envolve conforto térmico e bem estar para o manejo das vacas leiteiras, e indo na contramão da realidade do país, mesmo em meio a pandemia, a produtividade aumentou.

Além da sombra, que dá conforto térmico ao amenizar o calor amazônico, o Compost Barn também proporciona uma cama para as vacas. No piso é utilizado uma camada de serragem de madeira, e com isso ao logo do tempo fezes e urina se tornam adubo. Estudos apontam que as vacas neste sistema também apresentam menos problemas na pelagem e no casco.

A propriedade de Walter Waltenberg tem 10 hectares de pasto. Parte da área é dividida em piquetes com irrigação. Tudo planejado para que a 44 vacas, todas em lactação, produzam com qualidade e quantidade. Para melhorar essa produtividade, elas ganharam 1.500 m² de área coberta.

O barracão de compostagem da propriedade de Walter é o primeiro de Porto Velho, mas a técnica já é referência no Brasil. O produtor rural investiu cerca de R$ 200 mil no projeto da área.

“Duas vezes por dia a gente passa o trator misturando o pó de serra com os dejetos. Então a decomposição desse material se faz de forma anaeróbica na parte baixa da cama, e em cima da cama fica fresquinho, um ambiente limpo. As vacas quando vão para a ordenha não tem sujeita, não tem fezes, não tem barro, não tem nada. Isso facilita muito na hora da ordenha também porque quando você ordenha vacas limpas, você não tem incidência de mastite em nenhuma”, explica.

O barracão precisa ser aberto nas laterais e bem alto para proporcionar melhor ventilação. O teto também precisa ter um ângulo certo para que todo o ar de dentro do espaço migre para a ponta do telhado. Os bebedouros ficam um corredor de alimentação, fora da área de compostagem.

Para Walter, o conforto é um dos fatores mais importantes para o bom desenvolvimento do rebanho. “O Compost é uma inovação no Brasil. Inicialmente em Uberada eu conheci esse sistema, que na minha visão dá maior conforto aos animais. Conforto hoje é a palavra de ordem para a produção leiteira: conforto térmico, conforto corporal, conforto alimentar”, diz.

Com a ajuda da técnica, a propriedade passou de uma produção de 160 litros de leite por dia em março para 500 litros diários em junho.

Juan Travain é produtor de leite há 3 anos e faz parte do programa Balde Cheio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A propriedade dele fica em Cacoal (RO) e foi a primeira a aderir o Compost Barn em Rondônia.

“A gente adentrou no programa Balde Cheio, viemos reestruturar todo o sistema de manejo da propriedade, e hoje estamos produzindo com 66 animais 1.020 litros de leite diários”, conta.

O coordenador do programa no estado, Marcelo de Castro, acompanha a produção de Juan e destaca as vantagens desse método. “Tendo como objetivo a melhoria do bem estar dos animais, melhoramos bastante a eficiência reprodutivas dos animais, que é o principal ganho, sem contar o aumento na produção de leite. Tivemos um ganho de quase 1,5 quilos de leite por animal”, explica.

O modelo de Compost Barn tem atraído produtores em todo o Brasil. De acordo com a Embrapa, já são mais de 2 mil em funcionamento no país. A pesquisa trimestral do Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao quarto trimestre de 2019, indica que Rondônia produz cerca de dois milhões de litros de leite diariamente, sendo o maior produtor da Região Norte e o sétimo do país.