Coronavírus: veja o que mudou em Rondônia dois meses após 1º caso confirmado

Pandemia do vírus Sars-Cov-2 impactou no cotidiano dos rondonienses. Confira abaixo os principais momentos.

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Era 19 de março quando Rondônia confirmou o primeiro caso do novo coronavírus no estado. Dois meses depois, os números de diagnósticos positivos saltaram para 2.043, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), além de 83 mortes e 805 pacientes recuperados da doença.

Com a curva em ascensão, a região precisou passar por mudanças a fim de frear a disseminação da doença, como suspender as aulas na rede de ensino, flexibilizar os comércios e moldar a forma como as pessoas saem de casa.

G1, então, listou as mudanças nesses dois meses em que Rondônia enfrenta e lida com a pandemia do novo coronavírus.

O primeiro caso confirmado da Covid-19 em Rondônia foi registrado em Ji-Paraná. O paciente, de 29 anos, é um morador de São Paulo que esteve em viagem a trabalho no município e, após sentir os sintomas, contratou uma equipe médica particular.

No dia seguinte, o Ministério da Saúde também confirmou o caso como positivo para o vírus Sars-Cov-2. Atualmente, a capital Porto Velho lidera o ranking de municípios com mais diagnósticos do estado: são 1.580 casos confirmados na cidade.

Primeira morte

No dia 30 de março, Rondônia confirmava a primeira morte oriunda do novo coronavírus. A paciente era uma idosa de 66 anos, que estava internada no Centro de Medicina Tropical (Cemetron) em Porto Velho.

A senhora deu entrada no hospital dois dias antes de morrer com sintomas como tosse e febre, e morreu na madrugada de 29 de março por complicação no quadro respiratório. O óbito foi atestado como Covid-19, hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus.

Conforme balanço da Sesau, homens e pessoas com mais de 60 anos são os que mais morrem com o coronavírus Sars-Cov-2 em Rondônia.

O parâmetro é o mesmo apontado em levantamentos do Ministério da Saúde. Em abril, o Fantástico analisou todos os dados da pasta e verificou que 72% das mortes são de pessoas com mais de 60 anos e 60% eram homens.

Voos suspensos

Também em março, as companhia aéreas GOL e Azul suspenderam os voos. Primeiro foi a Azul, que interrompeu os voos diretos que eram feitos diariamente entre Porto Velho e Manaus. Apesar disso, a companhia decidiu manter um voo diário e direto entre Porto Velho e Cuiabá (em um Airbus A320 neo).

Azul Linhas Aéreas  — Foto: Divulgação

Azul Linhas Aéreas — Foto: Divulgação

Depois, foi a vez da GOL suspender os voos diários. Até então, a empresa fazia ao menos um voo diário entre Porto Velho e Brasília.

Diante da baixa demanda de passageiros nos últimos dias por causa da pandemia do novo coronavírus, a GOL decidiu reduzir sua malha em todo o Brasil. Com isso, Porto Velho passou a ter apenas uma decolagem semanal da GOL.

Entre um decreto e outro

Para conter a disseminação da doença, decretos estaduais e municipais de calamidade pública começaram a ser publicados, alterados e prorrogados com medidas de prevenção.

Entre as determinações, houve suspensão das aulas na rede estadual, pública e privada de ensino, além da flexibilização dos comércios. Entre uma abertura e outra das ordens, embates judiciais ocorreram por discordância em alguns itens que constavam nos documentos.

Coronel Marcos Rocha.  — Foto: Mayara Subtil/G1

Coronel Marcos Rocha. — Foto: Mayara Subtil/G1

Em março, a Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE-RO) aprovou o primeiro decreto de calamidade pública. A ordem determinava a realização compulsória de exames médicos, o fechamento de alguns estabelecimentos comerciais, assim como a proibição da operação de aeroportos estaduais.

Dias depois, o governador de Rondônia, Coronel Marcos Rocha (Sem partido), decidiu alterar o decreto e abrir parte do comércio sob regras de higiene e restrição. O chefe estadual apoiou o presidente da República, Jair Bolsonaro, ao dizer que “sou um apoiador e sou uma pessoa amiga do presidente Bolsonaro. A cadeia produtiva não pode parar”.

Comércio foi flexibilizado.  — Foto: Ana Kézia Gomes/G1

Comércio foi flexibilizado. — Foto: Ana Kézia Gomes/G1

Nesse meio tempo, outros municípios abriram decretos para flexibilizar o funcionamento dos comércios, entre outras regras de prevenção. Ariquemes e Porto Velho, por exemplo, acabaram tendo as respectivas ordens suspensas, após discordâncias judiciais.

O decreto mais recente publicado pelo governo é o de nº 25.049, onde o Estado estende a suspensão das aulas na rede de ensino até 30 de junho. No mesmo documento, o governador Marcos Rocha implanta o plano de ação “Todos por Rondônia”, que divide em 4 fases as medidas para recuar o avanço da doença, além de obrigar o uso de máscara nas ruas.

A Câmara de Vereadores de Porto Velho aprovou um projeto de lei no dia 12 de maio para multar em R$ 80 qualquer pessoa que sair nas ruas sem máscara, durante a pandemia do novo coronavírus.

Medidas na Saúde

A contratação de hospitais para aumentar os leitos e de profissionais de saúde, a compra de testes rápidos ou a possibilidade da construção de uma unidade de saúde de campanha estão entre as soluções pensadas pela Saúde para combater o novo coronavírus.

Recentemente, a Secretária de Saúde de Rondônia (Sesau) anunciou a contratação de médicos-recém formados pela Universidade de Rondônia (Unir) em Porto Velho, para atuarem na linha de frente contra a Covid-19. Os processos para contratações emergenciais de profissionais da área da saúde começaram ainda no início de março.

Saúde entrou com medidas para conter o avanço do novo coronavírus.  — Foto: Carla Cleto/Sesau

Saúde entrou com medidas para conter o avanço do novo coronavírus. — Foto: Carla Cleto/Sesau

A Sesau chegou a anunciar a construção de um hospital de campanha com cerca de 200 leitos, mas resolveu alugar algumas unidades particulares com leitos clínicos e de UTI. Atualmente, a taxa de ocupação dos leitos de UTI entre casos confirmados é de 43%.

Mas, mesmo com as medidas, o governo não descartou a implementação do “lockdown” como última medida mais restrita.

Sistema prisional

No momento, três presos foram diagnosticados com o novo coronavírus. Desses, dois estão internados no Hospital de Base, em Porto Velho. Nenhum deles foi infectado dentro do sistema prisional. Também há 15 servidores com Covid-19 e não há mortes.

Nenhum dos registros ocorreu no sistema prisional de Rondônia.  — Foto: Natinho Rodrigues/TV Verdes Mares

Nenhum dos registros ocorreu no sistema prisional de Rondônia. — Foto: Natinho Rodrigues/TV Verdes Mares

Ainda em março, a Justiça liberou 320 presos do semiaberto que cumprem pena na penitenciária Colônia Penal, em Porto Velho, para conter o avanço da doença, por meio da portaria nº 13/2020.

Conforme o Tribunal de Justiça (TJ-RO), a falta de estrutura do presídio na capital também foi motivo para a liberação dos presos. De acordo com o juiz de Direito Bruno Darwich, a unidade prisional segue parcialmente interditada desde 2018 por causa do problema.

Indígenas em risco

Entidades já temiam pelo avanço da doença nas aldeias, além das ações de grileiros e madeireiros. Funai e Ibama afirmaram estarem atuando para combater o avanço do vírus em terras indígenas com medidas como o bloqueio de entradas das aldeias e ações de comando e controle contra ilícitos ambientais nas áreas federais.

O arcebispo de Porto Velho, Dom Roque Paloschi, chegou a dizer que o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) orienta que os indígenas cumpram com as recomendações das autoridades de saúde de permanecerem dentro das aldeias para evitar a disseminação da doença.

Batiti Karipuna ao lado de troncos derrubados em meio à terra indígena — Foto: Fábio Tito/G1

Batiti Karipuna ao lado de troncos derrubados em meio à terra indígena — Foto: Fábio Tito/G1

O movimento Survival Internacional declarou, no início de abril, que a proteção de terras indígenas em todo o mundo é fundamental para impedir que indígenas morram por causa do novo coronavírus.

Órgãos públicos de Rondônia se uniram e formalizaram uma recomendação conjunta para que a Secretaria de Estado de Saúde (Sesau) crie um grupo de trabalho emergencial multi-institucional, com participação de comunidades indígenas e órgãos indigenistas.

Porém, três indígenas do povo Karitiana foram diagnosticados com o novo coronavírus. Eles passaram por exames, são monitorados e estão isolados em uma área específica da Casa de Apoio à Saúde do Índio (Casai), em Porto Velho.

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