Em um mês, AM registra aumento de mais de 1000% em número de casos e mortes por Covid-19

Estado registrou, até esta sexta-feira (15), mais de 18 mil pessoas infectadas pelo novo coronavírus confirmados, com mais mil mortes confirmadas.

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O número de casos da Covid-19 confirmados no Amazonas aumentou 1.184% em um mês. A quantidade de mortes pela doença também subiu: a alta foi de 1.074%. Com os altos números de pessoas infectadas, o estado registra um dos piores cenários do país, com o sistema de saúde superlotado.

De acordo com dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), o estado contabilizava 1.554 casos de contaminação no dia 15 de abril. Um mês depois, o número saltou para 18.392.

Com relação às mortes, são 1.331 em decorrência da Covid-19 até o momento. No dia 15 de abril, o número de óbitos era de 124.

Por conta do aumento do número de casos da Covid-19, o governo prorrogou até o dia 31 de maio, a suspensão de serviços não essenciais. Apesar disso, pesquisas apontam que os índices de isolamento estão abaixo do recomendado pelas autoridades de saúde, que é de 70%. Em maio, a taxa chegou à 44%.

O pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Alexander Steinmetz alerta que a queda no índice de isolamento da população é preocupante.

“Com o distanciamento social atual estamos ainda numa situação que eu poderia chamar à beira de um precipício. Só será, de fato, possível reduzir o número de infectados de forma significativa nas próximas semanas se nós tivermos uma adesão bem maior ainda ao distanciamento social e as medidas de contenção”, disse.

De acordo com estimativa do governo, sem o isolamento social de 70% da população e sem o uso de máscaras de proteção, o Amazonas pode ter até 250 mil casos do novo coronavírus.

Um novo estudo da Universidade Federal do Amazonas mostra dados mais alarmantes sobre a subnotificação de casos da Covid-19. Com base no número de sepultamentos e no aumento de mortes por doenças respiratórias, os pesquisadores estimam que, somente na capital amazonense, 85 mil pessoas estão com o vírus ativo no organismo e cerca de 300 mil já foram infectadas pela Covid-19.

“A discrepância de fato é bastante grande. Existe uma sub notificação de casos pela pouca quantidade de testes feitos no Brasil”, disse o pesquisador.

Casos de coronavírus no Amazonas

De acordo com balanço divulgado nesta sexta-feira (15) , o Amazonas registra mais de 18 mil casos confirmados de Covid-19 no estado. Foram confirmados mais 96 óbitos pela doença, elevando para 1.331 o total de mortes, sendo 36 óbitos nas últimas 24 horas.

A capital amazonense possui 9.713 casos da Covid-19, enquanto o interior tem 8.679. Até esta sexta-feira (15), 6.282 pessoas com diagnóstico estão em isolamento social ou domiciliar.

Ainda de acordo com o boletim, há 537 pacientes internados, sendo 342 em leitos clínicos (61 na rede privada e 281 na rede pública) e 195 em UTI (79 na rede privada e 116 na rede pública).

Há ainda outros 691 pacientes internados considerados suspeitos e que aguardam a confirmação do diagnóstico. Desses, 498 estão em leitos clínicos (135 na rede privada e 363 na rede pública) e 193 estão em UTI (54 na rede privada e 139 na rede pública).

Recordes de casos por dia

Nos últimos dias, o estado registrou números recordes desde o início da pandemia. No dia 5 de maio, o estado registrou o maior número de mortes em um único dia por Covid-19. Quatro dias depois, um novo recorde: 1.198 novos casos confirmados do novo coronavírus no mesmo dia. Na terça, o salto foi de 1.249, o maior desde o início da pandemia.

O Governo diz que que o aumento no número de casos novos é reflexo da ampliação da rede de diagnóstico e do aumento da testagem.

Hospitais superlotados

Os crescentes números de pessoas infectadas pela Covid-19 superlotaram as unidades de saúde de Manaus e colocaram o sistema de saúde perto de um colapso. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, até quarta (13), a taxa de ocupação de leitos de UTI estava em 86%, mas já chegou a 98%.

O número de mortes também mantém tendência de crescimento. Já são mais de 1,3 mil, até esta quinta-feira.

A implantação de contêineres frigoríficos foi uma medida adotada para comportar os corpos de vítimas de Covid-19 em hospitais de Manaus. A medida ocorreu após vídeo mostrar, nas redes sociais, corpos posicionados ao lado de pacientes internados no Hospital João Lúcio.

A quantidade de enterros saltou de uma média de 30 para 100 ao dia e, afetou, também, o sistema funerário da capital. No domingo, 26 de abril, Manaus registrou novo recorde no número de sepultamentos. Foram 140.

Na capital, a maioria dos sepultamentos é feita no cemitério Nossa Senhora Aparecida, que recebeu contêineres frigoríficos para armazenar corpos. Lá, a Prefeitura abriu valas comuns para conseguir suprir a demanda de enterros.

O empilhamento de caixões também chegou a ser adotado no Cemitério de Aparecida, mas foi cancelado depois de protesto de familiares.