Índios protestam em frente a hospital do AM durante visita de Nelson Teich

Amazonas tem mais de 100 indígenas infectados. Manifestantes questionam representantes subnotificações e falta de assistência médica. Secretaria Especial de Saúde Indígena conversou com grupo e anunciou medidas.

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Representantes de comunidades indígenas do Amazonas aproveitaram a visita da comitiva do Ministro da Saúde Nelson Teich em Manaus protestaram por melhores atendimentos e atenção à saúde dos povos de regiões mais isoladas do estado. O Amazonas tem mais de 100 casos confirmados de índios com Covid-19, de acordo com última atualização da Secretaria Especial de Saúde Indígena.

No início da tarde desta segunda-feira (4), representantes da comunidade indígena Witoto estiveram no hospital Delphina Aziz – onde Teich fazia visita acompanhado de uma comitiva do Ministério da Saúde – para reivindicar mais atenção e cuidado, em especial, para os índios do Alto Solimões.

O Alto Solimões, localizado no sudoeste do Amazonas, é a região mais afetada pela Covid-19 em todo o país. São, oficialmente, 59 casos confirmados e quatro mortes pela doença. Foi no município de Santo Antônio do Içá, que a primeira índia do país testou positivo para o coronavírus.

Grupo pede atenção à região do Alto Solimões, que concentra maior parte dos casos de Covid-19 em índios — Foto: Carolina Diniz

Segundo Vanda Ortega Witoto, de 32 anos, da comunidade indígena Witoto, “as pessoas estão morrendo nas aldeias”. Ela denuncia a subnotificação nas regiões mais isoladas e destaca o Alto Solimões, que já teria 23 óbitos pela doença. Oficialmente, o número é de quatro mortes.

“Tenho um tio em estado muito grave em Santo Antônio do Içá, que está precisando de ajuda porque não tem respiradores lá, nem tem oxigênio”, denunciou.

As manifestantes foram recebidas pelo secretário especial dos povos indígenas do Ministério da Saúde Robson Santos da Silva, e do coordenador distrital da Sesai, Mário Ruy. Ambos acompanham Teich na visita a Manaus.

Hospital de atenção indígena

Secretário da Sesai, Robson Silva conversa com indígenas em Manaus — Foto: Carolina Diniz

Os representantes do Ministério da Saúde afirmaram, em breve entrevista, que há uma tentativa em viabilizar a construção emergencial de um hospital para os indígenas, além de um reforço na preparação do Hospital de Retaguarda Nilton Lins para atender a demanda.

Ainda na primeira quinzena de abril, o governo do Amazonas anunciou que o estado receberia, por meio do Ministério da Saúde, um hospital de campanha com atenção voltada a indígenas contaminados pelo novo coronavírus. De acordo com o governador Wilson Lima, a estrutura funcionaria funcionar em um centro de atendimento de saúde que já funciona em Manaus.

“Hoje tivemos reuniões importantes com o governo do Estado e a presença do ministro e coisas bastante importantes ficaram definidas. A primeira foi em relação ao hospital de campanha. Ele necessita de média e alta complexidade,e faremos juntamente com o governo do estado e Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Saúde Indígena” comentou o secretário da Sesai, Robson Santos.

A Sesai anunciou ainda que vai adotar, em trabalho conjunto com o governo do estado, uma contabilização e cadastro de indígenas doentes ou com sintomas que morem na região urbana para que o grupo recebe devido acompanhamento.

“Outra decisão importante é em elação aos índios que moram em Manaus, no contexto urbano. O governo se comprometeu a fazer cadastro dessas pessoas durante o atendimento para a gente tenha um levantamento efetivo dessas pessoas que moram na cidade”.