Hospital de campanha montado pelo Governo Federal vai atender indígenas no Amazonas, diz governador

Wilson Lima afirma que governo estadual e federal atuam para aumentar proteção de comunidades indígenas do Amazonas. Estado já tem sete casos de índios contaminados e dois mortos pela Covid-19.

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O Amazonas vai receber nos próximos dias, por meio do Ministério da Saúde, um hospital de campanha com atenção voltada a indígenas contaminados pelo novo coronavírus. De acordo com o governador Wilson Lima, a estrutura vai funcionar em um centro de atendimento de saúde que já funciona em Manaus. Até a manhã desta terça-feira (14), o Amazonas contabilizava mais de 1,2 mil casos confirmados de Covid-19. Sete indígenas já testaram positivo e dois morreram no estado.

O anúncio do novo hospital de campanha foi feito pelo próprio ministro Luiz Henrique Mandetta no último sábado (11). Durante uma visita a Goiás, ele comentou um iminente colapso na rede pública do Amazonas, que sofre com falta de leitos e profissionais.

“(…) Vou dar ordem para fazer o primeiro em Manaus, cidade que está entrando em colapso. Vamos ter que fazer um lá, temos comunidades indígenas extensas. Então este daqui [de Águas Lindas] é o piloto, o primeiro dos federais”, disse o ministro.

G1 entrou em contato com o governo estadual e federal para mais detalhes sobre a estrutura e funcionamento do hospital de campanha e não teve retorno até a última atualização desta reportagem

Em entrevista à rádio CBN na manhã desta terça-feira, o governador Wilson Lima falou sobre a parceria do governo estadual e federal na proteção às comunidades indígenas. Em todo o estado, de acordo com dados atualizados da secretaria estadual de saúde, sete indígenas já foram contaminados pela Covid-19 no Amazonas. A maior concentração é na região do Alto Solimões. Dois já morreram.

No final de semana, o governador se reuniu com representantes da Funai, Polícia Federal e Exército Brasileiro para tratar sobre medidas mais protetivas às comunidade. Participou também do encontro a ministra Damares Alves, dos Direitos Humanos.

“Levando em consideração que o Amazonas tem a maior quantidade de etnias do Brasil, o Governo Federal deve montar, nos próximos dias, um hospital de campanha para atender indígenas. Estamos estabelecendo também e aumentando as medidas de rigidez de acesso às aldeias indígenas em parceria com a Polícia Federal. Também ajudando a montar, junto ao governo federal, a logística de distribuição de cestas básicas”, comentou Wilson.

De acordo com Lima, o Governo Federal deve enviar 60 mil cestas báscias para serem entregues a comunidades indígenas “para ajudar na segurança alimentar”.

Contaminação de índios

Primeira indígena diagnosticada com novo coronavírus está recuperada, diz Sesai. — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

O primeiro caso de coronavírus em índio foi registrado no Amazonas, no município de Santo Antônio do Içá. Foi o caso de uma jovem de 20 anos, da etnia Kokama, que atua como agente de saúde no Distrito Sanitário Especial Indígena da região. Ela contraiu o vírus de um médico e acabou contaminando sua mãe, filha e vizinho.

A jovem Kokama saiu do período de transmissão da doença na última sexta-feira (10) e sua família passa bem, com sintomas brandos. Mas não é esse o caso de outros dois índios do Amazonas. No dia 9 de abril o governo identificou a primeira morte no estado. Um Kokama de 44 anos, sem histórico algum de comodidade. Neste sábado (11) foi confirmada a segunda morte: um índio de 78 anos. Todos moradores da região do Alto Solimões, no Sudoeste do Amazonas.

O Ministério da Saúde, até este domingo (12), identificava três óbitos de indígenas em todo o Brasil. Quem faz o monitoramento de números e coordena as ações é a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Em nota, o órgão afirma que, “com a atual expectativa do crescimento de infecções pelo Covid-19 no Brasil”, tem redobrado os cuidados nos distritos indígenas.

“A Sesai, juntamente com os 34 Distritos Sanitários Especiais (Dsei), tem se redobrado para garantir a saúde dos povos indígenas. A detecção e correção de possíveis problemas e a realização de novas ações, baseadas nos protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde para o combate ao Coronavírus, respeitando as especificidades dos povos indígenas, têm sido frequentes, diz nota do órgão.