A principal vantagem é que o controle biológico não deixa vestígios na plantação, ao contrário dos produtos químicos. Segundo ele, isso é algo que é cada vez mais valorizado pela população.
“É inegável a mudança que tem ocorrido nos últimos anos. Hoje o mundo todo, a sociedade de modo geral, exige produtos mais limpos, com menos resíduos.”
Sobre o prazo para que as pesquisas gerem produtos e de fato eles sejam comercializadas, Bento disse que existem estudos de curto, médio e longo prazo. “Nós já temos várias tecnologias que estão dentro do curto prazo. É esperado que já nesse ano, mais tardar no ano que vem, já estejam disponíveis para os produtores”, estima.
O tempo de pesquisa é mais curto do que para o desenvolvimento dos agrotóxicos. “No caso de moléculas químicas, existe um processo regulatório que envolve registro do produto e, para que isso seja comercializado, precisa demonstrar que não há efeito nenhum sobre o ambiente, sobre os organismos, animais vivos”, explicou.
Já no caso de agentes biológicos, ou seja, fungos, bactérias, vírus e insetos, o impacto ambiental é praticamente inexistente. “Porque é um processo natural e na maioria das vezes esses organismos são muito específicos, então eles só atuam sobre aquele organismo considerado praga, não têm efeito sobre outros organismos e sobre o ambiente”, explica.
Vantagens do controle biológico, segundo o SPARCBio
- Não deixa resíduos de produtos químicos
- Procedimento natural, que não causa grandes impactos na natureza ou afeta ecossistema, já que os agentes têm ação somente sobre as pragas-alvo e morrem pouco tempo depois da aplicação e de parasitarem as pragas
- Tempo de estudo até o produto chegar ao mercado é menor
O controle biológico já é uma tecnologia usada em alguns países. O desafio maior é utilizar em grande escala no Brasil, segundo o pesquisador. “É diferente dos países europeus, que têm controle biológico em estufas”, disse.
Por essa diferença, o uso de drones para a soltura de insetos foi uma das tecnologias que trouxe benefícios e facilitou o controle biológico. Segundo Bento, todas as técnicas que ajudam a reduzir os custos poderão fazer parte do sistema.
A intenção do SPARCBio é desenvolver tecnologias de controle biológico que poderão ser replicadas no mundo inteiro.
O projeto tem investimento previsto de R$ 40 milhões e prazo de vigência de cinco anos, prorrogáveis por mais cinco.
Os investimentos no São Paulo Advanced Research Center for Biological Control (SPARCBio) serão feitos pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), por meio do programa Centros de Pesquisa em Engenharia e pela empresa holandesa Koppert e terão como contrapartida recursos da Esalq para infraestrutura de pesquisa e custos de pessoal.
Além disso, o centro terá como meta a transferência de conhecimento para empresas e para a sociedade, realizando a interação com o sistema educacional, por meio de cursos.
Instituições que serão parceiras do centro
- Universidade Estadual Paulista (Unesp)
- Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
- Universidade Federal de Viçosa (UFV)
- Embrapa
- University of Minnesota (Estados Unidos)
- University of California (Estados Unidos)
- Institut National de la Recherche Agronomique/INRA (França)
- University of Copenhagen (Dinamarca)