Na área ambiental, 2019 foi marcado por crises em Rondônia, o que inclui o avanço dos focos de calor ao ponto de satélites da Nasa mostrarem um corredor de fumaça encobrindo o estado, além do avanço do desmatamento, e ameaças de morte a lideranças indígenas da região.
Relembre as notícias ambientais que marcaram Rondônia:
Em julho deste ano, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontaram alta no número de focos de calor no estado. Ao todo, 411 pontos foram registrados em maio. Já em junho, o número subiu para 1.068. E em julho, Rondônia contabilizou 1.224 focos antes do mês terminar.
Segundo o meteorologista Fábio Adriano Monteiro, da Secretaria de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), o tempo seco naquela época do ano favoreceu o surgimento das chamas.
A Nasa divulgou em agosto várias imagens de satélite que mostraram uma densa camada de fumaça sobre os estados de Rondônia e Amazonas. Segundo a agência do governo dos Estados Unidos, a fumaça acinzentada no mapa era resultado das queimadas que atingiam a região amazônica desde o fim de julho.
As imagens mostraram que a fumaça formou um corredor sobre a Amazônia e se espalhou pelo Brasil.
O governo de Rondônia iniciou no dia 23 de agosto uma operação conjunta para prevenir e combater os incêndios florestais nos 52 municípios do estado. Até aeronaves foram autorizadas para controlar as queimadas.
De acordo com dados do Corpo de Bombeiros, Rondônia teve um aumento de 370% de focos de calor em agosto, se comparado ao mesmo mês em 2018.
Segundo a 17° Brigada, que comandava a operação Verde Brasil, a equipe passou o dia utilizando um avião Air Tractor, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), para levar água à terra indígena.
A Terra Indígena Tenharim Marmelos está localizada ao sul do Amazonas, na divisa com o estado de Rondônia. A unidade tem uma área de 498 mil hectares e, segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), mais de 500 indígenas vivem na área.
Em setembro, 11 israelenses especialistas em combate ao fogo pousaram na Base Aérea de Porto Velho para auxiliar nos trabalhos contra as queimadas na região Norte.
De acordo com o Exército, os israelenses são bombeiros com experiência em ações contra queimadas. Para ajudar nos trabalhos na Amazônia, o grupo trouxe equipamentos de alta tecnologia.
Em 11 dias de Verde Brasil, R$ 4,5 milhões de multas por desmatamento foram aplicadas pelos órgãos fiscalizadores que atuam na operação, segundo o Exército.
Em novembro, o G1 entrevistou o arcebispo de Porto Velho, Dom Roque Paloschi, que está entre os quatro brasileiros eleitos durante o Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia, convocado pelo Papa Francisco para compor o conselho pós-sinodal.
Ele é um dos poucos que presencia as ameaças que afetam a floresta amazônica e, consequentemente, os indígenas. Para Dom Roque, o desmatamento na Amazônia desrespeita “o ritmo da criação“.
Segundo ela, as projeções do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já vinham apontando um futuro crescimento de desmate nas áreas que tangem as florestas.
Apenas em Rondônia, quase 24 mil hectares de áreas protegidas no estado (sendo unidades de conservação estadual, federal e terras indígenas) já foram desmatadas.
Em dezembro, lideranças indígenas da etnia Uru-Eu-Wau-Wau denunciaram à Polícia Federal (PF), em Porto Velho, que foram ameaçadas de morte por madeireiros.
Segundo Awapu e a esposa, Juwi Uru-Eu-Wau-Wau, homens os procuraram pela aldeia no dia 10 de dezembro, mas não os encontraram. O casal estava na capital rondoniense participando de um treinamento de pilotagem de drones.
Awapu e Juwi fazem parte da equipe de vigilância da aldeia Javepura, região de Jaru (RO). O trabalho deles consiste, principalmente, em registrar e denunciar extrações ilegais de madeira dentro da aldeia.